A contribuição da análise fenomenológica nos estudos de relato de caso
DOI:
https://doi.org/10.37067/rpfc.v10i2.1105Palavras-chave:
Psiquiatria Clínica, Relatos de Caso, Fenomenologia, EpistemologiaResumo
A psiquiatria clínica oscila, segundo nossa argumentação, entre dois polos epistemológicos: inferência e percepção. A abordagem inferencial categoriza o transtorno como que de baixo para cima, isto é, partindo dos sintomas visíveis para a categoria patológica que supostamente os causa. Ao fazê-lo, distanciamo-nos de uma percepção mais instantânea que se possa ter acerca do paciente, assim como da consideração do transtorno enquanto fenômeno mutável, passível de evolução. De um ponto de vista fenomenológico, o modelo perceptivo permite que o terapeuta, em meio ao encontro, possa experienciar o emergir de uma impressão global acerca do paciente. Graças à épochè, faz-se possível emergir um senso de totalidade, uma Gestalt. Ora, o caso clínico, ainda assim, é sempre uma construção, uma narrativa intersubjetiva sobre o transtorno, narrativa essa recontada pelo paciente. Reunir casos clínicos pode levar-nos ao desenvolvimento de casos “tipo”, em que cada um deles se torna uma referência com a qual poderão ser realizadas comparações e categorizações, já que pertencem a uma “familiaridade” clínica; tal como os particulares, se quisermos referir-nos à teoria platônica das essências (Eidos). A abordagem fenomenológica contribui para a experiência clínica na medida em que possibilita a relação entre percepção e inferência, entre experiência subjetiva e narrativa intersubjetiva e entre pessoa e tipo.
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Copyright (c) 2021 Jean Naudin, Alice Fromer, Flávio Guimarães Fernandes
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